BRASĂLIA – O advogado-geral da União, Jorge Messias, defendeu a
regulamentação das redes sociais após o empresĂĄrio Elon Musk, dono do X (antigo
Twitter), ameaçar descumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), e acusar o magistrado de cometer censura.
"É urgente regulamentar as redes sociais. Não podemos conviver em uma
sociedade em que bilionĂĄrios com domicĂlio no exterior tenham controle de redes
sociais e se coloquem em condições de violar o Estado de Direito, descumprindo
ordens judiciais e ameaçando nossas autoridades. A Paz Social é inegociĂĄvel",
escreveu Messias na mesma rede controlada por Elon Musk.
Musk acusou Moraes de promover a censura no Brasil. Primeiro, começou
com um questionamento: "Por que vocĂȘ estĂĄ exigindo tanta censura no Brasil?."
Depois, em uma série de publicações na plataforma, o empresĂĄrio ameaçou
restaurar as contas banidas por decisões do ministro, ainda que isso leve o X a
deixar sua representação no Brasil e a perder receitas.
"Estamos levantando todas as
restrições. Este juiz aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos
funcionĂĄrios e cortou o acesso ao X no Brasil", escreveu Elon Musk. "As restrições
de conteĂșdo no Brasil foram removidas", afirmou, em outro post. Moraes e o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido pelo ministro, não se
pronunciaram.
O projeto de lei que regulamenta as notĂcias falsas nas redes sociais, o
chamado PL das Fake News, estĂĄ parado no Congresso desde quando a votação foi
derrubada. Conforme o Estadão revelou,
empresas big techs lideraram uma operação de pressão e lobby para derrubar a
proposta da pauta do Legislativo. Agora, o governo do presidente Luiz InĂĄcio
Lula da Silva (PT) estuda outras medidas, como a taxação das big techs para
projetos especĂficos.
O secretĂĄrio de PolĂticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social
da PresidĂȘncia da RepĂșblica, João Brant, afirmou no X que a atitude de Elon
Musk "evidencia seu desprezo pela justiça brasileira." Para Brant, Musk
"resolveu defender golpistas" e provavelmente estĂĄ se antecipando ao
descumprimento da resolução do TSE para as eleições 2024.
O secretĂĄrio disse ainda que o governo brasileiro se reuniu com Musk no
dia 12 de janeiro de 2023 e que, nessa ocasião, o empresĂĄrio fez
questionamentos sobre as decisões de Moraes. "Reforçamos naquele momento a
importância das ações do TSE e STF em proteger a democracia brasileira. Mas
evidentemente isso não era, e segue não sendo, relevante para o bilionĂĄrio dono
desta plataforma, afirmou Brant.