A mãe de Miguel dos Santos
Rodrigues, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, e a madrasta, Bruna Nathiele Porto
da Rosa, foram condenadas na noite desta sexta-feira (5) a mais de 50 anos de
prisão pela morte do garoto. A sentença foi lida pelo juiz Gilberto Pinto
Fontoura, no Salão do Júri do Foro de Tramandaí, no Rio Grande do Sul.
Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues
(mãe; à esquerda) e Bruna Nathiele Porto da Rosa (madrasta, à direita) durante
julgamento
Yasmin, mãe do menino, e Bruna, então companheira dela, respondem
pelos crimes de tortura, homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel e
recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver.
Yasmin foi condenada a 57 anos, 1 mês e 10 dias. Ja Bruna foi
condenada a 51 anos, 1 mês e 20 dias em regime fechado.
Ainda cabe recurso.
Em seu depoimento, Yasmin, hoje com 28 anos, respondeu apenas aos
questionamentos de sua advogada de defesa. Na fala, ela admitiu que bateu forte
no menino e que, no dia seguinte, ministrou uma dosagem excessiva de remédios
quando ele acordou, o que teria sido a causa da morte.
Yasmin também acusou Bruna de agredir o filho e disse que se
considera "um monstro" por não ter tomado nenhuma atitude. "Eu sou um monstro.
Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu
errei pra caramba. Se eu tô aqui, tá todo mundo aqui, é porque eu fui péssima
como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que ela pudesse fazer isso",
afirmou.
Relembre o caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio Grande do
Sul, Miguel foi morto pelo então casal entre os dias 26 e 29 de julho de 2021.
A morte teria sido consequência de agressão física, insuficiência de
alimentação, uso de medicamento inadequado e omissão de atendimento à saúde da
vítima.
Depois, o corpo dele teria sido colocado dentro de uma mala de
viagem e arremessado no Rio Tramandaí. O corpo de Miguel não foi encontrado.
Promotoria mostra
mala usada no crime do menino Miguel / TJRS
De acordo com a promotoria, o motivo do assassinato seria que o menino atrapalhava
o relacionamento da mãe e da madrasta.
Na denúncia, o promotor diz que nos dias que antecederam o crime, as
duas mulheres teriam submetido a criança a intenso sofrimento físico e mental,
como castigo por ele ter buscado carinho, cuidado e atenção.
Ainda de acordo com o Ministério Público, Miguel chegou a ser trancado
com as mãos amarradas e imobilizadas com correntes e cadeados dentro de um
pequeno guarda-roupas por longos períodos. Quando conseguia se desvencilhar,
elas o amarravam novamente.
Na denúncia, o Ministério Público defende que as mulheres deixavam
Miguel se alimentar apenas quando elas queriam. Ele também era obrigado a fazer
as necessidades fisiológicas no interior do guarda-roupas, inclusive sendo
compelido a limpá-lo como punição.
Imagem mostra as
rés voltando para casa após jogarem o corpo de Miguel no Rio Tramandaí / TJRS
A promotoria relata que o menino era obrigado a escrever, repetidamente,
frases depreciativa contra si, como "eu sou um idiota", "eu sou ladrão", "eu
sou ruim", "eu sou cruel", "eu sou malvado", "eu não presto", entre outras.
agoranoticiasbrasil.com.br/