O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) culpou o ex-governador de São
Paulo João Doria pela desfiliação de todos os vereadores do partido pela
capital paulista. A debandada, proporcionada pela janela partidária que acaba
nesta sexta-feira, 5, se dá pela crise causada pela recusa da direção tucana em
apoiar a reeleição do atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), nas
eleições municipais de 2024.
"Em 2022, (o partido foi atingido) por um tsunami chamado João Doria,
que esfacelou o partido na busca de um projeto egocêntrico e que, ao final, nos
impediu de ter uma candidatura à Presidência da República", disse Aécio em
entrevista à CNN Brasil, acrescentando que esse foi o maior "equívoco" da
direção tucana. O Estadão procurou João Doria, mas ele não quis se manifestar
sobre a declaração do deputado.
Em março de 2022, João Doria desistiu de concorrer à Presidência pelo
partido nas eleições daquele ano. Já em outubro, após 22 anos na sigla,
anunciou a desfiliação do PSDB. Doria foi procurado pelo Estadão, mas ainda não
se manifestou.
A saída dos oito vereadores da sigla, que agora fica sem representantes
na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), "já era mais do que anunciada",
segundo o deputado. "Esses vereadores foram eleitos pelo PSDB, mas optaram (
)
pelo conforto da sua reeleição junto à máquina pública", afirmou.
Para Aécio, a debandada demonstra que os desfiliados não miram "o projeto
que o PSDB quer encarnar, que é um projeto de centro que fuja desses dois polos
que tão mal vêm fazendo à politica brasileira", referindo-se à polarização
entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL).
O tucano afirmou ainda que o PSDB não está fragilizado e que "talvez
esteja passando por uma lipoaspiração para voltar mais esbelto e mais forte
para cumprir seu papel" de ser um líder de centro na política. "Isso não se
dará pelo número de vereadores, prefeitos ou governadores, mas sim pela
capacidade que nós tivermos de voltar a falar para o País", disse.
Fonte: Estadão