Um conversa entre o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, na última terça-feira (2), no
gabinete do decano, foi revelada pela jornalista Monica Bergamo, e está dando o
que falar.
Quem também esteve a bordo do diálogo, que durou cerca de 90 minutos,
foi o senador Wellington Fagundes (PL-MT), que atuou como intermediador do
encontro, a pedido do ex-juiz da Lava Jato.
Sobre a operação, Moro negou que tenha cometido ilegalidades e afirmou
que não tinha relação com o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol, e
ligeiramente deixou claro:
– Não vim aqui me defender.
Em seguida, o senador foi interrompido por Gilmar, que disparou:
– Você e Dallagnol roubavam galinha juntos. Não diga que não, Sergio –
disse Gilmar.
Durante o encontro, Moro se referiu a Gilmar como "ministro" e "senhor",
mas o tratamento respeitoso não ocorreu em reciprocidade, já que o decano do
STF respondia utilizando "Sergio" e "você".
– Tudo o que a Vaza Jato revelou, eu já sabia que você e Dallagnol faziam.
Vocês combinavam o que estaria nas peças. Não venha dizer que não – disse
Gilmar.
Assustado, Moro seguiu tentando mostrar que não tinha estreita relação
com outro desafeto do ministro, o juiz da Lava Jato no Rio de Janeiro, Marcelo
Bretas. Gilmar não considerou.
– Certa vez, Sergio, o Paulo Guedes veio aqui ao meu gabinete e disse
orgulhoso que havia sido ele quem havia ido a Curitiba convidar você para ser
ministro do Bolsonaro. Eu disse a ele que talvez ele não tenha percebido, mas,
ao conseguir tirar você de Curitiba, ele deveria colocar isso no currículo. Foi
certamente um dos maiores feitos dele no ministério – disse o magistrado dando
prosseguimento às suas afrontas.
Moro destacou que jamais atacou o Supremo e que não concordava com os
ataques desferidos ao tribunal. Também disse que rompeu com Bolsonaro quando,
em 2020, notou que estava apenas sendo usado pelo então presidente.
– Você faltou a muitas aulas, Sergio. Curitiba não te ajudou em nada.
Aproveite que está no Senado e estude um pouco. A biblioteca do Senado é ótima,
você deveria frequentar – tripudiou Gilmar.
Moro não teria pedido qualquer ajuda de Gilmar no que tange ao processo
de cassação de seu mandato, que tramita no Tribunal Regional Eleitoral do
Paraná. Sobre a possibilidade de manter o diálogo aberto, Gilmar disse que sim.
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