Depois que Corina Yoris não ter pode se inscrever para as eleições
presidenciais no país em substituição da desqualificada María Corina Machado,
ganhadora das primárias, o Un Nuevo Tiempo (UNT), um dos partidos políticos que
tinha apoiado Machado, decidiu, na última hora, inscrever o seu líder, o
governador do estado Zulia, Manuel Rosales, que não participou nas primárias.
Apesar da surpresa da postulação, Machado não descartou um acordo
posterior com Rosales. "Vamos dia a dia", disse, ao mesmo tempo em que
ratificou que sua candidata seria Corina Yoris, que em entrevista à CNN disse
que se houvesse outra candidatura a unidade da oposição seria quebrada.
Nesta terça-feira (26), Rosales disse em entrevista coletiva que se
inscreveu para não "deixar o campo livre" para Nicolás Maduro, atual presidente
e candidato à reeleição.
Rosales, que reconheceu o trabalho de Machado, disse que vai
"reconstruir a Venezuela, sem ódios", e que nas eleições de 28 de julho o país
está entre votar "ou não votar para que a Venezuela caia em pedaços".
Manuel Rosales, líder em Zulia e rival de Chávez em
2006
Rosales, de 71 anos, é um dirigente da oposição venezuelana que já foi
candidato a presidente, enfrentou Hugo Chávez e esteve preso. Foi deputado
nacional por Zulia, prefeito de Maracaibo e governador de Zulia por duas vezes.
Em 2002, foi um dos signatários do chamado "Decreto Carmona", que
buscava estabelecer um governo de transição após o golpe de estado de 11 de
abril, no qual o presidente Hugo Chávez foi expulso do poder durante 47 horas e
Pedro Carmona nomeado presidente.
Chávez foi restabelecido no poder apenas dois dias depois. Em 2006,
Rosales disse que foi um "erro" de "boa fé" ter assinado o decreto.
Mais tarde, no mesmo ano, representou a oposição nas eleições contra
Chávez, onde foi derrotado com 36,9% dos votos contra 62,82% do presidente.
Em 2008, Manuel Rosales foi acusado de enriquecimento ilícito na
sequência de um relatório apresentado pela Controladoria-Geral da República e
formalmente acusado pelo Ministério Público em 2009. Rosales afirmou ser
inocente e vítima de perseguição política.
Em abril de 2009 foi solicitada sua captura, que não aconteceu devido
sua saída do país para se exilar no Peru.
Em outubro de 2015, Rosales anunciou seu retorno à Venezuela, apesar de
ainda existir um mandado de prisão contra ele.
Ao chegar ao país, foi capturado e detido, mas foi libertado em dezembro
de 2016, depois de ter estado em prisão domiciliár desde outubro.
O seu caso nunca foi a julgamento. Em 2017, o Supremo Tribunal de
Justiça suspendeu, com uma medida cautelar, a desqualificação contra ele imposta
em 2014, condenando a violação dos direitos de processo e defesa.
Nesse ano negou, em entrevista com a CNN, ter negociado sua libertação
com o governo de Maduro. Ele mesmo reiterou que ainda era crítico do chavismo.
Desde 2021, Rosales é governador de Zulia, estado petroleiro localizado
no oeste da Venezuela e fronteira com a Colômbia.
Já tinha ocupado esse cargo entre 2000 e 2008, como representante do
partido Acción Democrática, de tendência social-democrata.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br