HĂĄ menos de dois meses como ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo
Lewandowski, jĂĄ é alvo de críticas entre os próprios colegas de governo.
As opiniões negativas se intensificaram após ele convocar um
pronunciamento para anunciar que a delação premiada de Ronnie Lessa sobre o
caso Marielle foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em conversas reservadas, ministros veem como apĂĄtica a atuação de
Lewandowski à frente da pasta que tem como missão cuidar da segurança pública,
um dos pontos mais cobrados do governo do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva
(PT).
Em carĂĄter reservado, um colega de Esplanada avalia que Lewandowski,
ex-ministro do Supremo Tribunal federal, aceitou o convite de Lula pensando nos
temas ligados à Justiça, mas se vĂȘ absorvido pelas questões de segurança.
"Ele achou que ia ser ministro da Justiça, mas o aquilo (o ministério) é
uma grande delegacia de polícia", observou.
Seis dias após a posse de Lewandowski no PalĂĄcio da Justiça, dois
criminosos fugiram de um presídio de segurança mĂĄxima em Mossoró (RN). O caso
segue sem solução e expõe a ineficĂĄcia das ações do governo, que colocou a
recaptura dos presos como prioridade.
Outro ministro também lamentou o fato de Lula ter indicado o ex-titular
da pasta, FlĂĄvio Dino, para o STF. "Dino era o ministro da Justiça ideal",
disse.
A avaliação, de modo geral, é que o estilo combativo e midiĂĄtico de Dino
faz falta ao governo Lula.
Nas redes sociais, o hoje ministro da Supremo conseguia usar os espaços
para falar das ações do governo e, ao mesmo tempo, ser uma voz forte contra o
bolsonarismo.
O anúncio da homologação da delação de Ronnie Lessa sobre o assassinato
da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, que completou seis
anos nesta semana, foi visto como desnecessĂĄrio.
Aliados de Lewandowski, porém, citam que o pronunciamento foi feito em
acordo com o presidente Lula e com a ministra da Igualdade Racial, Anielle
Franco.
Na terça-feira pela manhã, o ministro recebeu uma equipe da Polícia
Federal do Rio e fez uma reunião de duas horas sobre a investigação. À tarde,
foi ao STF conversar com o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito
na Corte, que confirmou a homologação.
Após isso, Lewandowski se reuniu com o diretor-geral da PF, Andrei
Rodrigues, que disse que um anúncio da delação não atrapalharia as
investigações. Em seguida, Lula e Anielle foram consultados e o pronunciamento
convocado.
Em reunião, com parlamentares do PSOL na quarta-feira (20), Lewandowski
disse que é "questão de dias" eles saberem os mandantes do crime.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br