Nesta terça-feira (19), Rodrigo de Melo Teixeira, o diretor de Polícia
Administrativa da Polícia Federal (PF), confirmou que a PF deteve Sérgio
Tavares, um cidadão portuguĂȘs, no Aeroporto de Guarulhos (SP) em 25 de
fevereiro, devido a suas postagens nas redes sociais. Teixeira forneceu
detalhes sobre a detenção na Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado,
atuando em representação do diretor-geral da PF, Andrei Augusto Passos
Rodrigues.
A solicitação para uma audiĂȘncia pública (REQ 6/2024 — CSP) partiu do
senador Eduardo Girão (Novo-CE). Girão declarou, em seu requerimento, que
Sérgio Tavares havia chegado em Guarulhos com a intenção de cobrir protestos
programados para 25 de fevereiro em São Paulo. No entanto, ele foi detido pela
Polícia Federal para ser interrogado, uma ação que, nas palavras de Girão,
ocorreu "sem nenhuma justificativa plausível".
O profissional da imprensa de Portugal foi questionado por um período de
quatro horas, tendo que dar respostas a inquéritos acerca de suas declarações
em plataformas de mídia social em relação aos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF), vacina e urnas eletrônicas.
Após o impacto negativo do ocorrido, a Polícia Federal chegou a afirmar
que o jornalista não teria fornecido um visto de trabalho, algo que não era
necessĂĄrio, conforme o site oficial do Ministério das Relações Exteriores. O
jornalista, posteriormente, gravou um vídeo refutando a PF, mostrando o
documento do interrogatório onde constavam questões políticas, sem qualquer
menção ao visto.
Durante a audiĂȘncia, os questionamentos dos senadores ao diretor focaram
na abordagem da PF ao "jornalista portuguĂȘs". Eles perguntaram se havia
justificativa para a ação tomada contra o profissional estrangeiro e a origem
das perguntas que foram posteriormente dirigidas e feitas ao jornalista, após
sua retenção no aeroporto.
Teixeira informou aos senadores que a interação com o jornalista foi
conduzida com base na legislação de controle migratório e no sistema de anĂĄlise
da PF, que busca prevenir situações de restrição ou alertas relacionados a
imigrantes. No caso específico do jornalista de Portugal, o diretor da PF
afirmou que ele foi detido "por conta de suas manifestações que beiram um
aspecto criminal ou que flertam com a criminalidade", após o sistema de anĂĄlise
da PF examinar fontes abertas da internet e redes sociais de Tavares.
"Nas manifestações do Sérgio Tavares, não entramos em manifestação
política, mas tĂȘm manifestações que beiram a um aspecto criminal ou que flertam
com a criminalidade, como a declaração dele de ataque à honra de ministros da
Suprema Corte, o que é crime, além da crítica dele à urna eletrônica em que diz
que é fraudada e o apoio ao movimento golpista do dia 8 de janeiro ao se
posicionar de forma favorĂĄvel à invasão de prédios públicos", explicou
Teixeira.
O diretor da PF ainda reforçou que o jornalista "não foi preso e nem
teve o passaporte retido", foi apenas entrevistado por questões formais e
devido às "opiniões dele que flertam ou estão muito próxima da situação de
criminalidade".
O oficial de polícia também mencionou a existĂȘncia de aproximadamente
143 mil alertas sobre indivíduos que poderiam ser interrogados se fossem
parados pela PF. Depois da divulgação desse alerta, houve questionamentos dos
senadores sobre quantos eram de direita, mas não receberam respostas devido ao
carĂĄter confidencial dessas informações. Eles, então, decidiram fazer um
requerimento para acessar o sistema de inteligĂȘncia da corporação. As
informações são da Gazeta do Povo.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br