A base aliada do presidente Lula termina a primeira semana de trabalhos
da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com uma mistura de alívio e alerta.
Os parlamentares conseguiram frear a largada de avanços em pautas da
direita prometida por bolsonaristas e avaliam que o clima estĂĄ "razoĂĄvel".
Foram as primeiras sessões no comando da deputada Caroline de Toni
(PL-SC), que pautou matérias de um pacote anticrime.
O alerta dos governistas, no entanto, permanece ligado. A Frente
Parlamentar da AgropecuĂĄria (FPA) pediu que a CCJ dĂȘ prioridade a um pacote de
projetos contra invasões de terra. Com a nova presidĂȘncia do colegiado, a
aposta é que agora serĂĄ possível avançar nas matérias.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), citou como exemplo
um projeto de lei que proíbe invasores de propriedades rurais de receberem
benefícios de programas sociais, participarem de concursos públicos ou serem
nomeados para cargos comissionados.
Ano passado, a CCJ era presidida pelo PT e nós não insistimos muito na
pauta dos nossos projetos, até porque entendíamos que existia um viés muito
contrĂĄrio ideologicamente. Hoje, com a deputada Caroline de Toni, nós teremos
uma certa tranquilidade para tramitar com os temas que ainda estão dependendo
dessa celeridade na tramitação
Pedro Lupion
Petistas falam em busca de consenso dentro da comissão e em empenho para
manter diĂĄlogo.
"Nós vamos apresentar as nossas prioridades, projetos que são caros à
nossa compreensão do Brasil e, certamente, tĂȘm divergĂȘncias com eles, mas vamos
buscar também projetos que são consensuais. Não vamos abrir mão das nossas
posições, mas vamos buscar sempre, o que depender de nós, o espaço do diĂĄlogo e
do respeito", afirmou o coordenador da bancada do Partido dos Trabalhadores na
CCJ, o deputado Patrus Ananias (PT-MG).
Outra estratégia da base é tentar atenuar os projetos "mais radicais"
que possam ganhar força dentro da comissão.
"A ideia é trazer o debate para mesa e politizar as pautas. Se vão votar
um projeto que endurece as penas, nós vamos propor audiĂȘncias públicas para
ampliar o debate e apresentar emendas aos textos para não deixar que os temas
mais polĂȘmicos passem sem a discussão necessĂĄria", afirmou a deputada Célia
XakriabĂĄ (PSOL-MG), vice-líder da Federação PSOL- Rede.
Essa primeira semana nos surpreendeu, mas isso não pode nos confundir.
Vamos precisar continuar fazendo resistĂȘncia. O que é discutido aqui, muda os
rumos do país.
Célia XakriabĂĄ
Desde a reunião da última terça (12), estavam pautados projetos de um
pacote anticrime apresentados por parlamentares da direita e ainda não votados.
Uma das principais propostas é a de autoria do deputado Kim Kataguiri
(União-SP), que estabelece pena mínima de 25 anos de prisão para quem for
reincidente em crimes graves a partir da terceira vez.
Outra matéria na pauta da CCJ, apresentada pela deputada Carla Zambelli
(PL-SP), amplia a lista de circunstâncias agravantes no Código Penal. HĂĄ ainda
textos que preveem o endurecimento de penas para crimes de estelionato.
Sob o comando de Caroline de Toni, foram votados até aqui apenas trĂȘs
projetos, que não geraram divergĂȘncias entre os deputados. Um deles, institui a
campanha de estímulo ao cuidado da saúde mental e bem-estar, o Janeiro Branco.
Outro texto facilita a doação de percentual do Imposto de Renda da
pessoa física para os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente. E uma
terceira proposta que suspende prazos processuais em caso de doença de
advogados.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br