Em depoimento à Polícia Federal, o ex-chefe da Aeronáutica, Carlos de Almeida
Baptista Júnior, disse que general Marco Antônio Freire Gomes ameaçou prender
Jair Bolsonaro (PL), caso ele seguisse com o suposto plano golpista. Freire
Gomes comandou o Exército durante o governo do ex-presidente, derrotado nas
eleições presidenciais de 2022.
"[Afirmou] que em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o
então presidente após o segundo turno das eleições, depois de o presidente da
República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime
democrático, por meio de institutos previstos na Constituição (GLO [Garantia da
Lei e da Ordem], ou estado de defesa, ou estado de sítio), o então comandante
do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que
prender o presidente da República", diz o documento.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes
derrubou o sigilo de todos os depoimentos do caso nesta sexta-feira, 15.
Também à PF, Freire Gomes confirmou que Jair Bolsonaro apresentou a ele
e aos outros comandantes das Forças Armadas a minuta de decreto para instaurar
um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e "apurar a
conformidade e legalidade do processo eleitoral" de 2022. Tanto Baptista Jr
quanto Freire Gomes disseram em depoimento que não embarcariam no plano.
Quem é Freire Gomes
Gomes foi o terceiro comandante do Exército no governo Bolsonaro, entre
março e dezembro de 2022. Ele assumiu o cargo após o general Paulo Sérgio
Nogueira, que é investigado pela PF, deixar o posto para se tornar ministro da
Defesa.
Antes de chegar ao comando do Exército, o general estava à frente do
Comando de Operações Terrestres (Coter), um dos principais cargos dentro da
estrutura do Exército. Freire Gomes foi secretário-executivo do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), comandou a Brigada de Operações Especiais
(Goiânia) e a 10ª Região Militar (Fortaleza). Ainda foi comandante Militar do
Nordeste (Recife).
O Antagonista