No mês em que se completa 60 anos do golpe civil-militar de 1964, Lula (PT;
foto) tenta afagar os militares com declarações relativizando a participação
das Forças Armadas na política.
Nesta sexta-feira, 8 de março, o petista afirmou que "os militares sempre
tiveram uma interferência na política brasileira".
"No Brasil, tudo é mais demorado. Nossa independência foi mais demorada.
O fim da escravidão, a nossa democraciaÂ… Desde que foi proclamada a República,
que foi um golpe contra o imperador, os militares sempre tiveram uma
interferência na política brasileira", disse Lula em almoço com servidoras do
Executivo para o Dia das Mulheres.
"Remoendo sempre"
A declaração desta sexta vem na esteira de outra relativização da
participação militar na política.
Lula minimizou a ditadura civil-militar de 1964 em sua entrevista
gravada à RedeTV transmitida na noite de 27 de fevereiro.
O petista afirmou que não quer "ficar remoendo sempre" em relação à
memória da repressão.
Ele havia sido questionado sobre o impacto do legado da ditadura sobre a
relação do governo com as Forças Armadas atualmente.
"Eu, sinceramente, vou tratar da forma mais tranquila possível. Eu estou
mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. Eu tinha 17
anos de idade, estava dentro da metalúrgica Independência quando aconteceu o
golpe de 64", disse Lula.
"Isso já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O
povo já conquistou o direito de democratizar esse país", acrescentou.
Então, Lula afirmou: "O que eu não posso é não saber tocar a história
para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre, ou seja, é uma parte da
história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações".
Repúdio
Organizações de direitos humanos criticaram o petista pela afirmação. Ao
menos 150 daquelas entidades assinaram um manifesto de repúdio à declaração.
"O presidente Lula precisa relembrar que sua carreira sindical e
política, que impulsionou sua chegada à presidência da República iniciou-se no
enfrentamento à Ditadura Militar, quando foi preso injustamente pelo Regime
Militar", disse ao Poder360 o advogado Ariel de Castro Alves, presidente de
honra do grupo "Tortura Nunca Mais", que assinou o manifesto.
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