Nesta sexta-feira (8), o Ministério da Saúde comunicou que desde o início da aplicação
da vacina contra a dengue no mês passado, pelo menos, três indivíduos tiveram
choque anafilático, uma reação grave que afeta mais de um sistema do corpo.
Esta informação foi divulgada no final da manhã em uma coletiva de imprensa que
tinha como objetivo atualizar os dados da epidemia no país. Até agora, o país
registra 1,3 milhão de casos confirmados e prováveis.
De acordo com o departamento, a campanha de imunização total já teve 529
notificações de "eventos" que possivelmente poderiam estar ligados à vacina
Qdenga, tendo em vista o total de 365 mil doses administradas. Dessas
notificações, 80% foram consideradas leves e comuns.
Contudo, 70 foram categorizadas como reações alérgicas, incluindo
hipersensibilidade imediata (28), reações locais como vermelhidão e coceira
(11), de urticária ou cutâneas (10). Efetivamente, 16 apresentaram sintomas
mais severos, como diarreia, manifestação pulmonar como broncoespasmos e tosse,
culminando em anafilaxia em três desses casos.
O diretor do departamento do Programa Nacional de Imunização (PNI) do
Ministério da Saúde, Eder Gatti Fernandes, esclareceu que as reações de
anafilaxia foram rápidas e não exigiram atendimento hospitalar emergencial.
"Todas essas reações são de curto intervalo de tempo após a vacinação,
ou seja, a média é de 10 minutos. Todas tiveram o devido acolhimento, foram
atendidas e evoluíram para a cura, não houve hospitalizações. Ou seja, são
casos que se resolvem imediatamente", ressaltou.
Conforme Fernandes, os incidentes ocorreram em ambos os cenários, tanto
no SUS quanto em clínicas particulares. Ele esclareceu que a variação se deu
entre as diferentes faixas etárias, com o indivíduo mais jovem tendo quatro
anos e o mais velho, 21 anos. Esses casos foram reportados em vários municípios
e não se concentraram em um lote específico de vacina.
As reações ocorreram com duas crianças de 4 e 6 anos em Dourados (MS) no
começo da campanha, mas elas se recuperaram sem sequelas, de acordo com a
pasta. O médico Julio Croda, da Câmara Técnica de Imunizações, explicou que "O
aumento de anafilaxias não foi visto inicialmente nos ensaios clínicos [da
vacina]". Ele afirmou que o ministério está monitorando a situação.
O diretor do PNI, apesar de achar o número de reações à vacina pequeno,
admitiu que pode haver mais registros por conta da ausência de notificações em
tempo real. Isso ocorre pois muitas unidades de saúde não têm conectividade.
Ele mencionou que os dados podem levar até dois meses para serem encaminhados
ao ministério.
O comitê de farmacovigilância do ministério foi levado a elaborar uma
nota técnica (veja na íntegra) em resposta aos casos, com o objetivo de comunicar
os acontecimentos e fazer recomendações. Essas recomendações incluem questionar
se o indivíduo que irá receber a vacina tem um histórico de alergia, solicitar
que ele aguarde de 15 a 30 minutos na unidade após a aplicação para verificar
se ocorrerá alguma reação, garantir que a aplicação seja feita em um local com
condições adequadas para prestar assistência necessária, e evitar a vacinação
simultânea.
"Para o Ministério da Saúde, ela é considerada uma vacina segura e
eficaz. A estratégia continua, o sistema de farmacovigilância continua
analisando os dados e continuaremos com a nossa vigilância", completou.
Conforme indicado pelo departamento, a campanha de imunização atual não
busca erradicar a atual epidemia em curso no país, que já afeta 9 estados. No
entanto, o objetivo é proteger as crianças e adolescentes a longo prazo.
"É um primeiro passo para a proteção da população brasileira que se
inicia conforme recomendação da OMS nessa faixa etária de 10 a 14 anos",
explicou Nereu Henrique Mansano, assessor técnico do Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass).
As informações são da Gazeta do Povo.