O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), minimizou
nesta sexta-feira (8) as denúncias de execuções sumárias cometidas por
policiais durante a Operação Verão, realizada pela Polícia Militar na Baixada
Santista desde o início de fevereiro. Segundo ele, a ação está sendo feita com
profissionalismo para proteger a sociedade. Até o momento, 39 pessoas foram
mortas no litoral paulista.
"Sinceramente, nós temos muita
tranquilidade com relação ao que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na
ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí", disse o
governador.
Tarcísio foi questionado sobre a operação durante um evento para
anunciar ações voltadas às mulheres. Ao ser confrontado sobre os relatos de
funcionários do SAMU e de um hospital de Santos, que revelaram ao g1 que corpos
de vítimas da PM eram levados direto para os hospitais, como se ainda
estivessem vivos, para evitar perícia, ele negou que o governo tenha recebido
denúncias.
"Nossa polícia é extremamente
profissional. É uma pena que toda hora as pessoas queiram botar a polícia na
posição de criminosos (Â…) A gente está fazendo o que é correto. Nós vamos
continuar fazendo o que é correto", afirmou ele.
"Não tem bandido na polícia. Quando
tem, quando tem excesso, esse excesso vai ser punido exemplarmente", completou
Tarcísio.
Na quinta-feira (7), o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e
Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São
Paulo, abriu uma notícia de fato para investigar as denúncias. Os promotores
vão analisar os prontuários médicos e conversar com os socorristas para
entender o que de fato aconteceu.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a Polícia
Militar é uma instituição legalista, que atua "no estrito cumprimento do seu
dever constitucional" e que vai "analisar os relatos dos socorristas do Samu
apresentados pela reportagem, garantindo que o serviço de saúde faça seu
trabalho corretamente".
Ainda segundo a pasta, todas as mortes causadas por intervenção policial
são rigorosamente investigadas, com acompanhamento do Ministério Público e da
Justiça.
Denúncia na ONU
Nesta sexta-feira (8), a Conectas Direitos Humanos e a Comissão Arns vão
denunciar as operações letais e a escalada da violência policial na Baixada
Santista durante a 55ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização
das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça.
"O governador Tarcísio de Freitas
promove atualmente uma das operações mais letais da história do Estado: a
Operação Escudo, na região da Baixada Santista. Há denúncias de execuções
sumárias, tortura, prisões forjadas, e outras violações de direitos humanos,
bem como a ausência deliberada de uso das câmeras corporais na Operação", reforçam as
entidades.
No dia 16 de fevereiro, a Defensoria Pública de São Paulo apelou à ONU e
à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para que a operação
policial no litoral seja encerrada imediatamente, além de solicitar que seja
determinada a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais por agentes de
segurança.
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