Advogados Desafiam Método da PGR para Recuperação de Material em Vídeo
Controverso do Ex-Presidente
A equipe de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu ao ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um especialista para
examinar o vídeo resgatado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que
contém questionamentos sobre as urnas eletrônicas e falsidades relacionadas às
eleições.
A postagem do vídeo ocorreu e subsequente remoção na página do Facebook
de Bolsonaro levou à sua inclusão em um dos inquéritos de 8 de janeiro.
Os representantes legais solicitaram uma análise do material em dezembro
de 2023. Atualmente, sugeriram o engenheiro Fernando Alberto Santoro Autran
Junior para conduzir o processo.
De acordo com o argumento da defesa, o profissional possui uma "sólida
formação" na área de engenharia elétrica, "além de especializações em
tecnologias de redes e análise de sistemas".
"Seu certificado em cibersegurança adiciona uma camada adicional de competência,
destacando sua capacidade de lidar com questões contemporâneas e complexas,
como exige o caso em comento", afirmaram.
A ferramenta e o método empregados pela PGR para recuperar o vídeo são
questionados pela defesa do ex-presidente.
Os advogados de Bolsonaro afirmam que "é preciso cautela" na análise do
vídeo usado como prova, uma vez que não foi adquirido diretamente dos
servidores da Meta, a companhia que administra o Facebook.
A Meta comunicou ao STF que o material não estava acessível porque não
foi notificada a tempo para conservá-lo.
Então, a equipe técnica do Ministério Público Federal (MPF) conseguiu
adquirir uma cópia do vídeo de outras fontes, como a plataforma Metamemo, que
realiza um tipo de registro das publicações na plataforma.
Vídeo
Em dezembro, a PGR comunicou que conseguiu recuperar a publicação, vista como
crucial para uma possível acusação contra o ex-líder do Executivo por incitar o
crime, em resultado dos eventos de 8 de janeiro.
Os representantes legais de Bolsonaro afirmam que a publicação ocorreu
de maneira "acidental" e foi deletada "poucas horas depois", o que indicaria
que o ex-chefe de estado "não pretendeu insuflar qualquer forma de subversão".
O conteúdo em vídeo foi compartilhado no Facebook no perfil de Bolsonaro
em 10 de janeiro, dois dias após os ataques às instituições dos Três Poderes.
No conteúdo, Felipe Gimenez, procurador de Mato Grosso do Sul, argumenta
que a eleição de Lula foi manipulada e que o sistema de voto eletrônico não é
seguro. A imagem destaca a frase "Lula não foi eleito pelo povo, ele foi
escolhido e eleito pelo STF e TSE".
Inquérito
A inclusão do ex-presidente no inquérito ocorreu por ordem de Moraes, a pedido
da PGR.
Na ocasião, a PGR defendeu que a conduta do ex-presidente precisava ser
investigada, mesmo que tenha ocorrido após o dia 8 de janeiro.
No incidente em questão, Bolsonaro deu seu depoimento à Polícia Federal
(PF) no dia 26 de abril. Ele informou aos investigadores que o post foi um
equívoco e que não tinha intenção de divulgar o conteúdo.
Ele também declarou que desejava enviar o vídeo para si próprio para
visualizar mais tarde, e que a eleição já é um capítulo encerrado em sua vida.
Os advogados do ex-chefe de Estado declararam que ele estava sob a
influência de "morfina" quando publicou o vídeo. Bolsonaro estava recebendo
tratamento em um hospital norte-americano para uma obstrução intestinal.
O indivíduo responsável pela investigação dos eventos de 8 de janeiro, o
subprocurador Carlos Frederico Santos, alegava que os militantes bolsonaristas
que entraram e vandalizaram os edifícios dos poderes em Brasília foram
motivados por teorias da conspiração que desafiavam a vitória de Lula.
As informações são da CNN.