Uma criança de 8 meses de vida morreu de dengue e Covid-19 no Distrito Federal,
na última quarta-feira (28/2). A causa da morte de Helena Alves Martins Dourado
consta na certidão de óbito.
A mãe de Helena, Gabriela Alves Martins de Oliveira, diz que a
filha começou a passar mal no domingo (25/2). A família buscou atendimento na
rede pública de saúde para a criança pelo menos quatro vezes antes do óbito,
mas a menina não foi internada.
Gabriela disse à coluna que a filha teve febre no domingo e foi
levada ao Hospital de Planaltina, mas a bebê teria sido liberado. "Ela teve um
episódio de vômito, mas como não tinha mais febre, [o hospital] me mandou
embora para casa. Não me falou nada de Covid", contou.
No dia seguinte, segunda-feira (26/2), a criança foi levada à
Unidade Básica de Saúde (UBS). No local, segundo a mãe, Helena foi bem atendida
e lá os profissionais de saúde fizeram o teste de dengue e a orientaram a fazer
o exame de hemograma, para contar as plaquetas.
A mãe disse que ficou "desesperada" e decidiu procurar o Hospital
Regional de Sobradinho, ainda na segunda-feira, onde esperou por sete horas e
foi atendida depois de procurar a direção da unidade de saúde.
"No Hospital de Sobradinho, colocaram pulseira laranja nela e
fiquei sete horas esperando por atendimento. A médica falou que não era nada,
fez hemograma, colocou um acesso nela, deu soro. Aí a doutora falou: "Não vou
manter ela aqui porque está sem febre, está urinando, então a gente entende que
não tem nada"", relatou Gabriela.
Na terça-feira (27/2), Gabriela disse que levou a filha à UBS
durante o dia. A mãe comprou dipirona, paracetamol e soro para dar em casa. À
noite, a menina piorou e vomitou seis vezes. Segundo a mãe, a criança, apesar
dos vômitos, sentia "uma sede louca". "Ela vomitou seis vezes à noite, porém,
tomava leite e água. Ela sentiu uma sede louca, muita sede. Ela vomitava e
mamava. Mas não deu febre", disse.
Gabriela contou que a filha morreu na manhã de quarta-feira
(28/2), nos braços dela. "Quando foi de manhã, tudo aconteceu. Ela já estava
bem molinha. Fui dar um banho e as extremidades dela estavam frias, tentei dar
leite e ela já não quis. Ela morreu nos meus braços, não teve jeito. Chegou no
hospital já morta", relatou.
"Colocaram oxímetro nela, mas já não estava respondendo. No
Hospital de Planaltina tive todo amparo, ficaram uma hora tentando reanimar
ela. Se houve erro, foi no Hospital de Sobradinho", disse. Gabriela contou que,
em nenhum momento foi informada sobre possibilidade de a menina ter sido
infectada por Covid.
"Ninguém pediu exame de Covid. Só depois que ela foi a óbito. Por isso é que demorou 24 horas para liberar o corpo da minha filha, o que foi muito ruim", relatou a mãe da criança. Veja a certidão de óbito:
Certidão de óbito da criança que morreu de dengue e Covid no DF
O corpo da criança foi sepultado no Cemitério de Planaltina sob forte comoção.
Os familiares e amigos soltaram balões brancos e rosas em homenagem à Helena.
Após a morte da filha, Gabriela quer fazer um alerta para todas as
mães. "Venho fazer esse relato e essa denúncia, pois minha filha faleceu por
não ter tido o atendimento adequado em Sobradinho. Ela deveria ter sido
internada e foi mandada para casa", lamentou.
A coluna acionou a Secretaria de Saúde sobre o caso de Helena, mas
não obteve retorno até a publicação. O espaço permanece aberto para eventuais
manifestações.
Dengue
O Distrito Federal está em estado de emergência desde janeiro em
razão da epidemia de dengue.
A capital do país registrou, até esta sexta-feira (1°/3), 77
mortes por dengue em 2024, segundo o Ministério da Saúde. Outros 60 óbitos
estão sob investigação.
Ainda de acordo com o painel do Ministério da Saúde, o DF teve
102,7 mil casos de dengue no ano, até o momento.
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