(Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta
quarta-feira(28/02) aos países caribenhos investimentos em estradas que ligam o
Brasil às Guianas, Venezuela e Suriname, um aporte para o Banco de
Desenvolvimento do Caribe e a retomada das representações diplomáticas
brasileiras na região.
"Nosso maior obstáculo é a falta de conexões, seja por terra, por mar ou
pelo ar. Uma das rotas de integração e desenvolvimento prioritárias para meu
governo é a do Escudo Guianense, que abrange a Guiana, o Suriname e a
Venezuela. Queremos, literalmente, pavimentar nosso caminho até o Caribe.
Abriremos corredores capazes de suprir as demandas de abastecimento e
fortalecer a segurança alimentar da região", afirmou o presidente no
encerramento da Cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), da qual participou
como convidado.
Apesar da proximidade geográfica, o Brasil tem poucas rotas por terra
para os três países e, atualmente, não tem ligações diretas por ar, apenas via
Panamá ou Estados Unidos.
Lula também anunciou um aporte para o Banco de Desenvolvimento do
Caribe, a ser feito até o final deste ano, mas sem detalhar valores, e a volta
das representações diplomáticas brasileiras na região.
Durante seus dois primeiros mandatos, o governo brasileiro aumentou
consideravelmente o número de embaixadas, especialmente na Ãfrica e na América
Latina e Caribe. Lula lembrou que o Brasil chegou a ter embaixadas em todos os
países da Caricom. Nos governos subsequentes, no entanto, várias foram
fechadas.
"Queremos restabelecer nossa presença diplomática em todos os países da
Caricom. Estamos reabrindo nossa missão junto a São Vicente e Granadinas",
afirmou.
O presidente citou ainda a necessidade de atenção especial ao Haiti.
País mais pobre país das Américas, a ilha caribenha entrou novamente em uma
crise de violência e miséria, poucos anos depois da força de paz da Organização
das Nações Unidas, comandada pelo Brasil, ter deixado o país.
"No Haiti, precisamos agir com
rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pela tragédia.
Infelizmente, a comunidade internacional não deu ouvidos quando o Brasil
alertou que o esforço de estabilização só seria sustentável com apoio maciço ao
desenvolvimento e ao fortalecimento institucional do país", afirmou.
O governo brasileiro, disse Lula, irá investir 17 milhões de dólares em
um centro de formação profissional para jovens no sul do país, além de dar
treinamento para forças de segurança.
O governo norte-americano vem tentando organizar uma nova força de paz
para o Haiti, e pediu novamente que o Brasil a comandasse, mas o governo Lula
rejeitou. Em entrevista à Reuters, no ano passado, o assessor especial Celso
Amorim afirmou que o Brasil não teve apoio para políticas de desenvolvimento
que julgava essenciais para que o país não caísse de novo na violência, e por
isso não iria de novo assumir essa responsabilidade.
Os Estados Unidos conseguiram, em negociações na ONU, reunir uma força
que será comandada pelo Quênia, mas que ainda não entrou em ação. O Brasil se
prontificou a ajudar com treinamento e com tecnologias de programas sociais.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em BrasÃlia)