O governo de Cuba anunciou nesta quarta-feira (28) que aplicará a partir
desta sexta-feira (1º) um aumento maciço de mais de 400% nos preços de varejo
dos combustíveis, que entraria em vigor no dia 1º de fevereiro, mas foi adiado
após um ataque cibernético.
A medida faz parte de um plano de ajuste – que inclui aumentos
acentuados nas tarifas de água, eletricidade e transporte interprovincial – com
o qual o governo pretende reanimar a economia nacional, que está em profunda
crise há três anos, e reduzir o grande déficit público.
De acordo com relatos da imprensa oficial, o anúncio foi feito em
entrevista coletiva com a presença de dois ministros, para a qual jornalistas
internacionais credenciados no país não foram convidados.
Quando o aumento for implementado, a gasolina comum passará dos atuais
25 pesos (CUP) para 132 pesos (de R$ 1 para R$ 5,40, de acordo com a taxa de
câmbio oficial para pessoas físicas).
Isso significa que um cubano terá de pagar 5.280 CUP (cerca de R$ 218)
para encher um tanque de 40 litros, quando o salário médio do Estado é de pouco
mais de 4.200 CUP (R$ 173 na taxa de câmbio oficial, mas R$ 70 no mercado
informal generalizado).
Na coletiva também foi informado que, no dia 1º de março, os aumentos
nas tarifas de água e eletricidade – que também foram congelados "até novo
aviso" após a suspensão do aumento do combustível – também entrarão em vigor.
O aumento também anunciado no transporte interprovincial (de até 600%)
não será aplicado por enquanto, nem a alta de 25% no preço do botijão de gás.
O ministro de Finanças e Preços, Vladimir Regueiro Ale, disse que o
governo está "consciente de que a medida tem um impacto inflacionário, já que o
combustível é um produto que impacta em toda a economia", segundo o site
oficial "Cubadebate".
O ministro acrescentou que o governo cubano adotou um conjunto de
decisões que atenuam o impacto inflacionário dessa medida, possivelmente
referindo-se à decisão de não aplicar os aumentos planejados aos atacadistas.
O governo cubano havia garantido anteriormente que essas medidas só
seriam aplicadas quando as condições fossem adequadas e que seria dado apoio
aos grupos vulneráveis, embora até o momento não tenha indicado publicamente
quem são esses grupos populacionais ou como serão ajudados.
Regueiro acrescentou que os preços atuais dos combustíveis não refletiam
os custos reais para o país na aquisição do produto no exterior.
Em dezembro do ano passado, o governo cubano fez um anúncio surpresa de
um grande plano de ajuste com o objetivo de "corrigir distorções", o que gerou
muita controvérsia no país devido à situação difícil em que vive a grande
maioria dos cubanos.
Além desses aumentos, o plano previa uma nova desvalorização do peso,
que ainda está sendo estudada, e o fim gradual dos subsídios universais aos
produtos para dar lugar a um sistema de ajuda aos necessitados.
O país encerrou 2023 com uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de
entre 1% e 2% (ainda abaixo do nível de 2019) e anunciou que o déficit público
deste ano será de 18,5%, pelo quinto ano consecutivo no vermelho.
Fonte: *EFE