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Com rombo fiscal maior que o da Itália, EUA estão mais perto de perder rating, aponta relatório

Por Blog do Elias Hacker 28/02/2024 às 11:20:37


A trajetória do cenário fiscal nos Estados Unidos tem acendido sinal de alerta em relação à capacidade do país de pagar suas contas.

Isso por que a economia americana está cada vez mais perto de perder a única nota máxima que ainda mantém nas três mais importantes agências de classificação de crédito.

Enquanto esse movimento de deterioração fiscal acontece, do outro lado do Atlântico, a Itália, uma das nações mais frágeis da Zona do Euro, mostra sinais de melhora.


Comparação do déficit orçamentário entre Estados Unidos e Itália / Apollo Global Management/ReproduçãoEm 2023, o rombo fiscal americano encerrou o ano próximo a 8% do Produto Interno Bruto (PIB). E as perspectivas para os próximos cinco anos é de que o déficit orçamentário do país se mantenha em torno de 7%.

Já o déficit italiano está em ligeiro declínio, com perspectiva de recuar para menos de 3% do PIB nos próximos cinco anos, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). No ano passado, esse número foi em torno de 4,5%.

A comparação foi feita pela Apollo Global Management, empresa americana de private equity, que chama a atenção para um ponto: a dívida.

Atualmente, os níveis de dívida pública são mais elevados na Itália do que nos EUA. No entanto, o FMI prevê que a dívida americana continue crescendo até alcançar o equivalente à cerca de 140% do PIB em 2028, semelhante ao nível de dívida visto hoje na Itália.

Para se ter uma dimensão, duas décadas atrás, em 2003, a dívida pública dos EUA equivalia a 60% do PIB.

A dívida pública americana gira hoje em torno de 120% do PIB. Já a dívida pública da Itália se encontra na média de 140% do PIB. Mas, para os próximos cinco anos, a perspectiva é de estabilidade desse patamar no país europeu.

Conforme ocorre um aumento do endividamento, aumentam também os pagamentos líquidos de juros do governo. No caso dos Estados Unidos e no da Itália, esse valor já é semelhante no presente, mas a tendência é de que ele aumente no caso da economia americana e se estabilize no caso da Itália.

Comparação do débito governamental entre Estados Unidos e Itália / Apollo Global Management/Reprodução

Possível impacto

De acordo com o economista-chefe da Apollo, Torsten Sløk, se os EUA continuarem na trajetória fiscal prevista pelo Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês), "aumentam os riscos de que a classificação (o rating) dos EUA seja desvalorizada ainda este ano".

Se confirmado um rebaixamento do rating americano, a maior economia do mundo perderia a classificação "AAA" entre as três principais agências de classificação.

No ano passado, a Fitch Ratings rebaixou a classificação do país de "AAA" para "AA+".

Atualmente, apenas a Moody"s – entre as três principais agências – mantém a classificação dos EUA como "AAA". No entanto, em agosto do ano passado, a agência estabeleceu uma perspectiva "negativa" para o país. Já no S&P Global, a nota da economia americana é classificada também como "AA+".

"A governança fiscal dos Estados Unidos está se deteriorando bastante, eles estão tendo uma crise atrás da outra", afirmou o ex-analista do Federal Reserve Alex Lima.

Segundo Lima, desde a pandemia, cerca de 25% do fluxo de caixa do governo americano é de dívida, sendo que nas últimas duas décadas essa média era de menos de 10%. O governo, em sua avaliação, não consegue arrecadar o suficiente em comparação com os gastos.

Projeção do governo

O CBO prevê que o déficit fiscal dos Estados Unidos crescerá para cerca de US$ 1 trilhão ao longo dos próximos 10 anos, em mais um alerta de que a dívida pública americana continuará a trajetória ascendente à frente.

No relatório de perspectivas para a década, o CBO projeta que o déficit subirá de US$ 1,6 trilhão no ano fiscal de 2024 para US$ 2,6 trilhões em 2034. Em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa é de que haja um aumento de 5,6% ao pico de 6,1% em 2025, antes de escolher a 5,2% em 2027 e retornar a 6,1% em 2034.

Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br

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