O governo cubano reconheceu que não poderá garantir até o final de março
o pão subsidiado da cesta básica devido à falta de farinha de trigo, conforme
relataram veículos de imprensa oficiais neste domingo (25).
O Ministério da Indústria Alimentícia (Minal) afirmou que a falta de pão
oferecido pela carteira de racionamento se deve a "situações específicas" com
os "embarques planejados", sem fornecer mais detalhes.
A ilha importa cerca de 80% dos produtos que consome. Nos últimos anos,
fechou acordos com países aliados, como a Rússia, para garantir a entrada de
farinha de trigo para a produção de pão, um alimento básico na dieta cubana.
"Nos próximos dias, a produção de pão enfrentará severas dificuldades em
cada território, devido à instabilidade no fornecimento de matéria-prima",
explicou a diretora comercial da estatal Empresa de Moagem, Zaily Pérez
Hernández, citada pelo site oficialista Cubadebate.
Ela acrescentou que a indústria alimentar cubana não está isenta das
consequências do embargo econômico dos Estados Unidos e que a chegada de navios
se "complica".
O país caribenho possui cinco moinhos para processar trigo: três em
Havana, um em Santiago de Cuba (leste) e outro em Cienfuegos (sudeste). No
momento, este último é o único ativo e produz apenas 250 toneladas de farinha
por dia.
Cuba precisa de 20.000 toneladas por mês apenas para produzir o pão da
cesta familiar normada, segundo o Cubadebate.
O presidente do Grupo Empresarial da Indústria Alimentícia, Emerio
González Lorenzo, acrescentou que o Ministério está buscando alternativas com
outros órgãos estatais e pequenas e médias empresas privadas (MPMEs).
Segundo dados da ONU, Cuba gasta cerca de US$ 2 bilhões por ano para
importar os alimentos que consome.
A cesta básica é o pacote de alimentos subsidiados que cada cubano
recebe por meio da carteira de racionamento.
A crise na distribuição de pão coincide com o retorno dos apagões por
déficit de combustíveis nos últimos dois meses.
Cuba enfrenta uma grave escassez de alimentos e medicamentos, além de
frequentes cortes de energia, inflação galopante e dolarização parcial da
economia.
Essa situação se deve à confluência da pandemia, do endurecimento das
sanções dos Estados Unidos e de erros na política econômica e monetária.
A companhia estatal cubana Unión Eléctrica (UNE) estimou apagões
simultâneos para este domingo em quase 32% da ilha no horário de pico, o de
maior consumo, uma tendência aos altos índices de impacto atribuída principalmente
ao déficit de combustíveis.
A situação energética do país se manteve favorável no final do ano
passado, mas em 2024 os cortes no serviço aumentaram. Desde o final de janeiro,
as interrupções variaram entre 20% e mais de 30% do território.
Segundo a UNE, as principais causas são a "indisponibilidade" de
combustíveis e as falhas em várias usinas termelétricas terrestres.
Em seu boletim diário, a empresa do Ministério de Energia e Minas estima
para o horário de pico de hoje uma capacidade de geração de energia elétrica de
1.945 megawatts (MW) e uma demanda máxima de 2.800 MW.
Fonte: (Com informações da EFE)