A população da Ilha de Marajó, no Pará, volta a cobrar de políticos,
autoridades e órgão públicos ações para combater os casos de tráfico humano de
menores de idade para prostituição sexual. Na última sexta-feira (16), um vídeo
em que a cantora Aymeê Rocha fala sobre o desaparecimento de uma criança
viralizou nas redes sociais. A canção cita as denúncias de exploração sexual de
crianças.
A Ilha de Marajó abriga o município com o menor Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.
A situação ganhou destaque em 2019 quando a então ministra da Família e
Direitos Humanos Damares Alves alertou que a região abrigava um grande esquema
de tráfico e prostituição de menores. Na época, a agora senadora pelo
Republicanos, lançou o programa Abrace o Marajó, que tinha como objetivo
implantar ações sociais para reduzir a fome, situação apontada como
determinante para o alto índice de casos de exploração sexual, visto que as
crianças estariam se prostituindo por não ter o que comer.
O programa recebeu muitas críticas de organizações civis e instituições
públicas pela baixa atuação no arquipélago. Em 2021, o Ministério Público
Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público do
Pará (MPPA) e Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE) questionaram o governo
federal sobre as denúncias.
Em 2022, após Damares voltar a falar sobre a situação na Ilha de Marajó
em um culto evangélico, autoridades do Pará, como o MP, pediram para que a
então ministra apresentasse provas das acusações, mas elas nunca foram
entregues. O Ministério Público Estadual entrou com uma ação civil pública
contra a senadora. Já o Ministério Público Federal acionou a União e a
ex-ministra pedindo uma indenização de R$ 5 milhões por danos sociais e morais
coletivos, a serem revertidos em favor de projetos sociais destinados à região.
Nos últimos dias, a senadora Damares compartilhou a canção da cantora e
recebeu apoio nas redes sociais.
Com a volta do assunto, diversos vídeos de moradores relatando casos de
exploração sexual de menores na região foram postados nas redes sociais.
Atualmente a Ilha do Marajó é contemplada pelo Programa Cidadania
Marajó, que foi lançado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania,
com o objetivo de combater o tráfico e o abuso sexual de crianças e
adolescentes.
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