A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) que puna com aposentadoria compulsória, pena máxima da magistratura, a
juíza do trabalho Adriana Maria dos Remédios. A manifestação da PGR e a defesa
de Remédios foram enviadas em agosto do ano passado ao CNJ, que deve julgar o
caso nas próximas semanas.
A juíza Adriana Maria dos Remédios recebeu uma pena de censura do
Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-1) por ter usado termos
chulos para dispensar uma perita judicial pelo WhatsApp. O julgamento do caso
começou em 2021.
As mensagens incluíam "Façam print, enfiem em lugares impublicáveis" e
"Pensamento é igual a cu — cada um tem o seu", além de uma alusão aos genitais
do marido, falando de si mesma: "Dominada, você desculpe o vocábulo, por uma
piroca fantástica".
Na mesma época, Remédio foi punida com censura novamente por assinar
sentenças depois de afastada da Vara do Trabalho de Barra Mansa (RJ), quebrar
sem fundamentação o sigilo fiscal de um empresário e colocar a enteada para
atuar em seu gabinete. Em 2022, a juíza acusou um colega da prática de
rachadinha, ou crime de peculato, mas dois dias depois o convidou para um
encontro em uma casa de vinhos, em busca de um acordo judicial.
Ao pedir que o CNJ aplique a pena máxima à juíza, a PGR considerou que o
TRT deu penas leves à magistrada, e destacou que Remédio é reincidente e alvo
de outras apurações na Justiça. "As condutas perpetradas pela magistrada não
correspondem a uma mera omissão ou a uma negligência pontual no cumprimento de
suas atribuições funcionais. [
] Restou demonstrada a manifesta violação dos
seus deveres funcionais", escreveu o subprocurador Alcides Martins ao CNJ.
O subprocurador apontou ainda a "incompatibilidade permanente" da juíza
com o ofício da magistratura, uma vez que ela já havia sido removida da vara
onde atuava e a medida se mostrou insuficiente. "A remoção compulsória apenas
deslocaria o problema de lugar", completou.
A juíza Adriana Maria dos Remédios afirmou ao CNJ que não cometeu
qualquer irregularidade, e que se destaca na magistratura. "Sem falsa modéstia,
esta magistrada possui colacionados nestes autos seis elogios, da OAB, da
Procuradoria, de advogados e da Corregedoria do TRT-1". Remédios também disse
ser vítima de uma colega do TRT que atuou para prejudicá-la, por supostamente
ser amante de um advogado do caso.
Procurada pela coluna, a juíza afirmou que atua "com honestidade e
firmeza, a bem da sociedade", e que confia na "ponderação e sapiência" do
relator do caso no CNJ. Segundo Remédios, os advogados que recorreram ao CNJ
tentam usar o colegiado como "instância revisora infinita" e "parecem se
empenhar para constranger juízes que decidem contra seus interesses".
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br