Em meio aos esforços diplomáticos para alcançar um acordo de paz na Faixa de Gaza, os Estados Unidos reconheceram nesta quarta-feira (14) que algumas das exigências do grupo Hamas representam obstáculos sérios para um pacto com Israel.
Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, declarou em entrevista coletiva que a demanda do Hamas de limitar a soberania de Israel no Monte do Templo é uma "óbvia impossibilidade inicial". Essa é uma das diversas exigências que o grupo terrorista palestino incluiu na resposta à proposta de acordo sobre os reféns elaborada por Qatar, Egito e Estados Unidos, os principais mediadores no conflito.
O presidente Joe Biden já havia classificado algumas das exigências do Hamas como "exageradas", mas Miller foi o primeiro funcionário norte-americano a detalhar a postura de Washington em relação à resposta do grupo.
"Por exemplo, o status de Al-Aqsa não será resolvido em uma negociação sobre reféns", salientou o porta-voz. Ele também mencionou que o governo de Israel tomou medidas para garantir a entrega de ajuda humanitária através da passagem de Kerem Shalom, declarando a área como zona militar fechada.
Apesar das "exageradas" exigências do Hamas, Miller reiterou que os Estados Unidos ainda acreditam em um acordo para a libertação dos reféns sequestrados em Gaza.
"Continuamos acreditando que é possível chegar a um acordo. Seguimos crendo que isso é do interesse da segurança nacional dos Estados Unidos, de Israel e, claro, do povo palestino", afirmou.
O porta-voz também assegurou que a administração Biden continuará trabalhando para "fechar um pacto que não apenas garanta a libertação dos reféns, mas que também permita uma pausa (nos combates) que facilite a entrega de ajuda humanitária e alivie o sofrimento em Gaza".
As consultas entre as delegações de Qatar, Egito e Estados Unidos prosseguiram nesta quarta-feira no Cairo em busca de uma trégua em Gaza.
No entanto, a chancelaria israelense declarou que apenas uma mudança nas exigências do Hamas em relação à tregua "permitirá que as negociações avancem". O comunicado também afirma que Israel não recebeu em Cairo nenhuma proposta nova do Hamas sobre a libertação dos reféns e que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu "insiste que Israel não cederá às delirantes exigências do Hamas".
As negociações de alto nível entre Israel e Hamas não apresentaram progresso, e os combates na Faixa de Gaza e na fronteira israelí com o Líbano se intensificaram.
Representantes dos familiares dos reféns anunciaram protestos para esta quinta-feira (15) em frente ao Ministério da Defesa em Tel Aviv, condenando a falta de cooperação israelense como uma "sentença de morte" para seus entes queridos.
Ainda há uma grande diferença entre as condições apresentadas por Israel e Hamas. Netanyahu declarou que a guerra continuará até alcançar a "vitória total" sobre o Hamas e o retorno de todos os reféns.
O grupo terrorista, por sua vez, exige o fim da escalada militar, a retirada de Israel de Gaza e a libertação de um grande número de presos palestinos como pré-requisitos para a libertação dos reféns. Um dos principais obstáculos nas negociações é o número de prisioneiros que o Hamas pede que Israel liberte: mais de 1.000 em troca dos 134 reféns, dos quais pelo menos 30 já estão mortos.
Fonte: Fontes: EFE e AP