Nesta sexta-feira (9), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre
de Moraes votou para tornar réus e manter presos sete ex-membros do núcleo da
Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O grupo de militares foi denunciado
pela Procuradoria Geral da República (PGR) por omissão nos atos do dia 8 de
janeiro de 2023, em Brasília.
Entre os acusados, estão os coronéis e ex-comandantes-gerais da
corporação Klepter Rosa Gonçalves e FĂĄbio Augusto Vieira. Os militares foram
detidos em agosto e chegaram a solicitar a soltura, mas o pedido foi negado por
Moraes.
A Primeira Turma da Corte estĂĄ julgando os ex-PMs por meio do plenĂĄrio
virtual. Além de Moraes, participam da votação os ministros CĂĄrmen Lúcia, Luiz
Fux e Cristiano Zanin. Eles podem votar no sistema eletrônico até o dia 20 de
fevereiro, para decidir se eles serão réus. Em caso afirmativo, eles passam a
responder a uma ação penal.
Saiba quem são os PMs denunciados pela PGR
Foram denunciados:
· FĂĄbio Augusto Vieira (comandante-geral da Polícia Militar do Distrito
Federal à época dos fatos),
· Klepter Rosa Gonçalves (subcomandante-geral),
· Jorge Eduardo Barreto Naime (coronel da PMDF)
· Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra (coronel da PMDF)
· Marcelo Casimiro Vasconcelos (coronel da PMDF),
· Flåvio Silvestre de Alencar (major da PMDF)
· Rafael Pereira Martins (tenente da PMDF)
Todos os policiais tiveram a função pública suspensa e bens
bloqueados. Eles foram acusados pelos crimes de:
1. omissão
2. abolição violenta do
Estado DemocrĂĄtico de Direito;
3. golpe de Estado;
4. dano qualificado pela
violĂȘncia e grave ameaça, com emprego de substância inflamĂĄvel, contra o
patrimônio da União e com considerĂĄvel prejuízo para a vítima;
5. deterioração de
patrimônio tombado;
6. violação de deveres
funcionais.
De acordo com as apurações, o grupo também tinha informações sobre a
possibilidade de invasão e depedramento dos prédios públicos, mas não fizeram
nada para evitar os ataques.
Para Moraes, PMs se omitiram de forma proposital
A PGR apresentou, em sua denúncia, trocas de mensagens entre os
investigados antes e durante os atos golpistas. As provas obtidas pela PGR
apontam que havia policiais infiltrados no acampamento golpista instalado em
frente ao Quartel General do Exército, além de que tudo o que os PMs observavam
ali era encaminhado para um grupo de mensagens criado pelos oficiais da
corporação.
A PGR concluiu, dessa forma, que houve "alinhamento ideológico e de
propósitos entre os denunciados e aqueles que pediam a intervenção das Forças
Armadas".
Moraes considerou os indícios da PGR para basear seu voto. Por isso, ao
autorizar a prisão do grupo militar em agosto do ano passado, o ministro
pontuou que eles se omitiram de forma proposital, dizendo que "hĂĄ
significativos indícios que os denunciados detinham conhecimento das
circunstâncias fĂĄticas do perigo, conforme amplamente demonstrado pela extensa
atividade de inteligĂȘncia desempenhada pela Polícia Militar do Distrito
Federal, de modo que todos os altos oficiais denunciados tomaram conhecimento
antecipado dos riscos inerentes aos atentados de 8 de janeiro de 2023".
De acordo com o ministro, "o contexto extraído da investigação evidencia
que todos os denunciados se omitiram dolosamente, aderindo aos propósitos
golpistas da horda antidemocrĂĄtica que atentou contra os trĂȘs poderes da
República e contra o regime democrĂĄtico".
Fonte: IG