O Congresso Nacional retoma as atividades parlamentares na próxima semana com
20 medidas provisórias pendentes de anĂĄlise. Dessas, quatro ainda não foram
despachadas para as comissões mistas. Neste rol estĂĄ a medida que reonera os 17
setores da economia que mais empregam. Existe um movimento para priorizar a
discussão do texto e derrubar a decisão tomada pelo presidente Luiz InĂĄcio Lula
da Silva que vai na contramão do que deliberou os congressistas ao longo do ano
passado.
A prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da
economia até 2027 foi aprovada pelo Legislativo em outubro de 2023, mas foi
vetada pelo presidente integralmente menos de um mĂȘs depois. Em dezembro, o
Congresso derrubou o veto de Lula, e um total de 60 senadores (contra 13) e 378
deputados (versus 78) votaram pela reversão do ato.
O ato do presidente contrariou 84% dos deputados (430 dos 513
parlamentares votaram a favor) e a maioria dos senadores — no Senado, a
proposta passou com facilidade, aprovada em votação simbólica, que acontece
quando hĂĄ consenso entre os parlamentares.
O governo mantém resistĂȘncia em abandonar a ideia de aumentar os
encargos sociais sobre a folha de pagamento. O Congresso Nacional demonstra que
jĂĄ tem a decisão final sobre o tema. O movimento é pela derrubada.
"Não vamos aceitar de jeito nenhum. Não consigo enxergar o Congresso
Nacional aprovando essa reoneração e nós vamos trabalhar contra isso",
sinalizou o presidente da Frente Parlamentar da AgropecuĂĄria (FPA), deputado
federal Pedro Lupion (PP-PR).
O próprio presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sinalizou o
compromisso do governo em reeditar a MP. "Seria muito ruim a essa altura nós
revogarmos esse instituto [a desoneração], num momento em que queremos manter a
queda do desemprego no nosso país."
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a declaração de
Pacheco foi uma recomendação, em vez de um compromisso do Poder Executivo.
Segundo Haddad, Lula ainda conversarĂĄ com o presidente do Senado para definir
uma solução para o tema.
Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a
reoneração estĂĄ entre os temas prioritĂĄrios do governo na volta do Legislativo.
"A reoneração estĂĄ dentro da agenda prioritĂĄria. Vamos fazer nesta semana
vĂĄrias reuniões com líderes, tanto da Câmara quanto do Senado. Vamos construir
a agenda do começo do ano legislativo, em especial as medidas lançadas pelo
ministro Haddad para conter desequilíbrio do orçamento público", destacou
Padilha.
Outras MPs
A medida provisória mais antiga no rol de pendĂȘncias é a que dispõe sobre a
tributação de aplicações em fundos de investimento no país. O documento vence
em 4 de fevereiro, mas o teor jĂĄ foi incorporado em um projeto aprovado e
transformado em lei. Trata-se da legislação que taxa offshores e fundos
exclusivos. A matéria é considerada essencial para a equipe econômica, jĂĄ que a
previsão é arrecadar R$ 7 bilhões em 2024.
Outras trĂȘs medidas abordam programas de iniciativa do Executivo e
precisam ser avaliadas pelos parlamentares. São elas: a criação da poupança
estudantil para alunos do ensino médio, com o objetivo de diminuir a evasão
escolar; a prorrogação do Desenrola Brasil, programa de renegociação de
dívidas; e a criação do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), visando
apoiar economia de baixo carbono no setor automotivo.
Das 20 MPs pendentes de anĂĄlise, metade abre créditos extraordinĂĄrios
para diversos órgãos públicos. Juntas, as iniciativas somam R$ 96 bilhões. A
maioria do montante, R$ 93,1 bilhões, é direcionada para pagamento de
precatórios, títulos de dívidas de entes públicos decorrentes de sentenças
judiciais transitadas em julgado, ou seja, em que não cabe mais recurso.
HĂĄ também R$ 1,9 bilhão destinados para socorrer estados atingidos por
efeitos de desastres climĂĄticos. São sete MPs desse tipo, disponibilizando
recursos para o Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina,
ParanĂĄ e municípios da região Norte atingidos pela estiagem em novembro
passado.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br