A campanha, que estĂĄ na quarta edição, marca a passagem do Dia Mundial de Combate ao Câncer, no domingo (4)
De acordo com o presidente da SBU, Luiz OtĂĄvio Torres, os dados mostram que mais da metade dos homens diagnosticados jĂĄ estavam em fase avançada do câncer. Em entrevista à AgĂȘncia Brasil, Torres disse que este é o Ășnico tipo de câncer que pode ser evitado com ĂĄgua e sabão. O médico enfatizou que o câncer de pĂȘnis, na maioria dos casos, pode ser evitado com higienização correta do pĂȘnis.A maior incidĂȘncia da doença é observada nas regiões Norte e Nordeste e estĂĄ muito relacionada ao nĂvel socioeconômico. "Sócio, porque a pessoa não tem o hĂĄbito de se higienizar. Isso estĂĄ relacionado à parte social. Na parte econômica, também. Quem tem uma condição melhor, tem acesso a uma série de informações", afirmou Torres.
A SBU estĂĄ buscando adesão de hospitais pĂșblicos à campanha em todo o paĂs, para que ofereçam condições para realização de cirurgias gratuitas. Mutirões de urologistas das 24 seccionais da SBU farão a postectomia (retirada do prepĂșcio) nos casos em que este não expõe totalmente a glande, ou cabeça do pĂȘnis e, por extensão, não permite a higienização correta do pĂȘnis. É preciso conseguir local e material para fazer as cirurgias. "Estamos tentando fazer a campanha no maior nĂșmero possĂvel de seccionais da SBU. Temos 29 dias de fevereiro para tentar", disse Torres.
Durante todo o mĂȘs de fevereiro, médicos da SBU esclarecerão dĂșvidas sobre a doença nas redes sociais da entidade no Instagram, Facebook e Tik Tok.
"Não se trata de sair fazendo postectomia em todo mundo", ressaltou o médico. Ele explicou que o procedimento é indicado quando o homem tem fimose verdadeira, isto é, quando puxa o prepĂșcio, a pele, e não expõe a glande. "Ele não consegue lavar. Quando ele tem o prepĂșcio, puxa e expõe a glande, não precisa tirar o prepĂșcio. É só lavar o pĂȘnis."
Torres lembrou que, muitas vezes, a pessoa tem condição socioeconômica ruim e não lava o pĂȘnis. "Então, é melhor tirar o prepĂșcio porque a glande fica exposta. Mesmo que não lave, ele não estĂĄ com o prepĂșcio segurando a sujeira lĂĄ dentro". Em edições anteriores da campanha, médicos filiados à SBU chegaram a realizar mais de 200 postectomias por ano.
Os sinais mais comuns do câncer de pĂȘnis são feridas que não cicatrizam; secreção com forte odor; espessamento ou mudança de cor na pele da glande. "Isso pode acabar evoluindo para um câncer. São lesões externas em que a coceira não passa", disse o presidente da SBU. Quando jĂĄ estĂĄ em fase avançada, podem aparecer nódulos na virilha.
O tabagismo é um dos fatores de risco. "O que se sabe é que, na população tabagista, a incidĂȘncia é maior do que entre os não fumantes", explicou Torres. A maioria dos cânceres de pĂȘnis ocorre a partir dos 50 anos de idade. De acordo com o médico, isso não exclui casos mais raros, em homens de menos idade. A infecção pelo HPV (papilomavĂrus humano) é outra causa.
O Brasil é um dos trĂȘs paĂses com maior incidĂȘncia e mortalidade por esse tipo de câncer Fica atrĂĄs apenas dos paĂses da África Subsaariana. "EstĂĄ relacionado ao hĂĄbito e à informação", reforçou Torres.
Quando descoberta no inĂcio, a doença tem alta chance de cura. "Quando o diagnóstico é feito em fases iniciais, conseguimos tratar com a remoção somente da pele, evitando a retirada do pĂȘnis", afirmou o médico Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia.
Fonte: AgĂȘncia Brasil