No documento, o perito criminal Ismael Melo de Rezende Junior, da Polícia Técnico-Científica, analisa as condições do apartamento, localizado na República, no centro da capital paulista, em que os pets foram resgatados.
Segundo afirma, o cachorro, da raça labrador, e os gatos de Bruna Surfistinha estavam "sem alimentos" e a água fotografada no documento havia sido posta pela ONG que acompanhava a equipe policial.
O perito também registra que o ambiente era "desconfortável", "com aspecto de abandono" e "pequeno para o porte do cão". "Animais estressados, cão com ansiedade, gatos atrás do fogão assustado e se escondendo", escreve.
Além de fezes e urina pelo apartamento, o profissional relatou ter encontrado bitucas de cigarro na pia da cozinha e materiais de limpeza espalhados.
Abrigo
Em dezembro, Bruna Surfistinha chegou a pedir à Justiça paulista a restituição dos seus animais de estimação, mas o requerimento foi negado.
"São seres sencientes e a permanência da ruptura do vínculo afetivo havido entre tutora e tutelados certamente ocasionará danos de dimensões significativas para ambos", afirmou, na petição.
Na ocasião, a investigada também acusou as cuidadoras temporárias de procurar "visibilidade da mídia" e relatou ter ficado sabendo, por redes sociais, que "uma das suas gatas está enferma e próxima ao óbito".
"Há fortes indícios nos autos de que os animais não recebiam os cuidados, higiene e alimentação que necessitavam, chegando a ficar mais de sete dias sem que sua tutora, ora requerente, aparecesse no apartamento onde teriam sido, em tese, deixados sozinhos e trancados", escreveu a juíza Renata Carolina Casimiro Braga Velloso Roos, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), ao rejeitar o pedido.
Resgate
Os pets foram resgatados no dia 30 de novembro. Segundo a Polícia Civil, testemunhas denunciaram que Bruna Surfistinha havia deixado o apartamento no início daquele mês.
No começo, ela aparecia esporadicamente para realizar a limpeza e a alimentação dos animais, mas já fazia uma semana que não ia ao local, de acordo com a investigação.
Em depoimento, o administrador do prédio relatou que Bruna Surfistinha alugou o apartamento por seis meses, mas deixou de pagar as contas a partir de setembro e teve a energia elétrica cortada.
De acordo com a testemunha, as dívidas com o condomínio já superavam R$ 6 mil no momento em que a influenciadora saiu de lá e abandonou os animais.
Resgate
Vídeo divulgado pela ONG Lar Promessa, de proteção aos animais, mostra o momento em que ativistas entram no apartamento da influenciadora, com apoio da Polícia Civil. Pelas imagens, é possível ver o chão tomado por cocô e xixi dos pets.
Uma médica veterinária atestou as más condições em que se encontravam o cão, da raça labrador, e os gatos, sem raça definida. De acordo com o laudo, os pets estavam em "local totalmente insalubre, cheio de fezes, sem alimentação, visivelmente estressados, desidratados, famintos".
Para se defender das acusações, Bruna Surfistinha usou as redes sociais e publicou um vídeo, no início de dezembro, dizendo que estava proibida de entrar no imóvel.
"O maior absurdo é que tudo foi arquitetado para que eu me enquadrasse como criminosa por abandono aos meus bichos", disse.
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