Em meio ao impasse sobre a isenção fiscal a pastores e líderes religiosos, o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) questionou a reunião desta sexta-feira (19), entre representantes da bancada evangélica e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tentar resolver a questão.
– Se houve reunião da liderança da frente parlamentar evangélica que tornou alguns parlamentares evangélicos porta-vozes do governo Lula, que não respeita os evangélicos nem no que cremos, creio que a diretoria não foi comunicada e nem nós, membros da frente, fomos informados – afirmou Feliciano, dizendo que seria um "ultraje" ter na bancada da Bíblia parlamentares que apoiem o governo federal.
A Receita Federal suspendeu na última quarta-feira (17), uma medida do governo de Jair Bolsonaro (PL) que ampliava a isenção de impostos para pastores e líderes religiosos e livrava as igrejas de dívidas milionárias. A decisão atraiu críticas dos evangélicos e já na quinta-feira (18), o Tribunal de Contas da União (TCU) contradisse o Fisco e negou haver uma decisão sobre o tema.
Na sexta (19), Haddad reuniu-se com representantes da bancada evangélica e determinou a formação de um grupo de trabalho com os parlamentares para analisar o caso. Estiveram presentes no encontro Silas Câmara (Republicanos-AM), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), David Soares (UNIÃO-SP) e Marcos Soares (UNIÃO-RJ).
– Suspendemos o ato e criamos um grupo de trabalho, com União e TCU, para entender como interpretar a lei aprovada no Congresso de forma a não prejudicar nem beneficiar quem quer que seja – afirmou o ministro, depois do encontro.
Os deputados Silas Câmara (Republicanos-AM) e Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) confirmaram a criação do grupo e Câmara, que havia criticado duramente a medida, classificando-a como "lamentável" e "velha prática para promover o caos", mudou de tom e amenizou as críticas. Já Crivella afirmou que não há perseguição ou posição do governo que seja contrária às igrejas.
Feliciano, no entanto, discorda dos colegas de bancada e chega a criticar diretamente o ex-prefeito do Rio de Janeiro. Ele disse ter ficado constrangido com a afirmação de Crivella de que não há perseguição.
– Lula nos chama de mentirosos, Lula mentiu em carta aberta enviada para os evangélicos durante a campanha eleitoral, seu governo comunista apoia, propaga e defende pautas contrárias ao que cremos. Não quero acreditar que haja na frente evangélica raiz, membros evangélicos raiz, que sejam governistas/lulistas, isto seria um ultraje! – acrescentou o parlamentar, que é aliado do ex-presidente Bolsonaro.
Fonte: *AE