No último dia 5, o sargento da Polícia Militar de Minas Gerais, Roger Dias da
Cunha, 29 anos e pai de uma bebê com apenas cinco meses de vida, foi
brutalmente assassinado em Belo Horizonte. O criminoso, que alvejou o militar
com três tiros, sendo dois na cabeça e um na perna, estava em fuga quando
recebeu a ordem para se render. Desafiando a ordem, o criminoso sacou a arma e
disparou repetidamente contra o Sargento Dias, em um ato covarde à
queima-roupa. Lamentavelmente, o óbito foi confirmado pela PM neste domingo
(7), após exames que constataram a morte cerebral de Roger Dias.
Com este trágico desfecho, o sargento entra para as dolorosas
estatísticas de vítimas da violência no Brasil. Um número crescente de pessoas,
sejam militares em exercício ou civis, que têm suas vidas interrompidas por
monstros que, por pura negligência do Estado, desfrutam do convívio em
sociedade como se nada tivesse acontecido.
O autor do crime era um velho conhecido da justiça, acumulando 18
passagens pela polícia, mas, ainda assim, obteve o benefício de sair da prisão
durante o final do ano. "O indivíduo que atacou nosso policial militar possui
18 registros pela Polícia Militar, é oriundo do sistema penal e estava de
"saidinha" de Natal", afirmou a major Layla Brunella. Segundo ela, o criminoso
deveria ter retornado à prisão em dezembro, mas não o fez. "Ele tem passagens,
das mais diversas, por roubo, falsidade ideológica, receptação, tráfico de
drogas e ameaças." E estava nas ruas!
Essa tragédia reacendeu o debate sobre impunidade, o término da
"saidinha temporária" e trouxe à tona uma pergunta que verdadeiramente inquieta
a maioria dos brasileiros: por que as penalidades para criminosos são tão
brandas no Brasil? Em meu recente artigo, busco esclarecer a origem ideológica
por trás da benevolência estatal em relação aos infratores.
O sentimento constante para quem acompanha minimamente o noticiário é de
que estamos imersos em uma espécie de realidade paralela. Tudo é tão absurdo
que, talvez movidos pela consciência de nossa impotência, tendemos a ignorar a
realidade e seguir em frente com nossas vidas. Porém, o problema se agrava
quando, nesse curso, nos deparamos com figuras monstruosas em nosso caminho.
Eles estão soltos por aí, seja por jamais terem sido presos, ou por terem sido
soltos apesar dos seus crimes.
O Brasil, há muito tempo, não é apenas reconhecido no exterior como a terra do
futebol, mas também como um país marcado pela impunidade.
À medida que a criminalidade e a impunidade crescem, a probabilidade de
nos depararmos com a violência torna-se cada vez mais elevada. No Brasil, não
existe sequer a opção de prisão perpétua para criminosos comprovadamente
irrecuperáveis. Não importa a brutalidade do crime ou a gravidade da doença e
crueldade do criminoso, mais cedo ou mais tarde, ele estará em liberdade. No
Brasil, a proibição da pena de prisão perpétua é considerada uma "cláusula
pétrea", não podendo ser modificada por alteração legislativa, a menos que se
crie uma Constituição do zero.
Com o elevado número de detentos beneficiados pela "saidinha", o risco
de crimes e violência aumenta, comprometendo a segurança da população. Sim!
Estamos verdadeiramente lascados! Essa política "progressista", que exalta o
criminoso como vítima da sociedade por ser considerado um agente
revolucionário, serve como pano de fundo para a impunidade que impera em nosso
país. Tentar justificar as ações brutais de marginais mediante o argumento
marxista de que são vítimas da "desigualdade social" coloca, implicitamente, a
verdadeira vítima como culpada. Essa visão completamente distorcida da
realidade rege boa parte do Código Penal e até mesmo a Constituição Federal em
vigor. Ou seja, estamos cercados por violência e crime com a benção das leis
que norteiam a vida em sociedade.
"Na Alemanha mais de 98% dos homicídios são
punidos, no Japão mais de 95%, mas no Brasil apenas 8% são
elucidados".
(Dados
foram coletados pela ONG Rio e Paz)
A saída temporária é uma medida adotada no Brasil como parte de uma
suposta tentativa de "ressocialização de presos". O benefício está previsto no
Artigo 122 da Lei de Execução Penal – Lei 7210/84, que prevê beneficiar presos
com bom comportamento.
Os números não me deixam mentir, conceder a detentos o direito de
sair da cadeia "temporariamente" significa colocar a sociedade, vale ressaltar,
completamente desarmada, em risco. Sempre que o Estado abre os portões da
prisão e permite que presos retornem ao convívio social, está assumindo o risco
de causar danos permanentes e irreversíveis.
Em 2022, 42% dos presos não voltaram ao sistema penitenciário do
Rio de Janeiro. Entre os detentos que não retornaram à cadeia naquele ano, 36
eram assassinos condenados.
"Cerca de 30% dos presos não
retornam das saídas temporárias. Desse índice, aproximadamente 20% voltam
a praticar crimes."
No início do ano passado, a Secretaria de Segurança Pública do
Estado de São Paulo registrou aumento de roubos e furtos na capital paulista. A
cidade também teve aumento de ocorrências no fim do ano.
A percepção do aumento da violência a cada ano também é
compartilhada pelos profissionais de segurança pública. Em uma entrevista ao
G1, o delegado da Polícia Civil, Herbert Farias Júnior, destacou que o
crescimento da violência durante o período de final de ano está diretamente
relacionado ao considerável número de detentos nas ruas. Grande parte dos que
recebem o benefício acaba voltando a praticar crimes.
"Uma minoria destes detentos que saem temporariamente vai
ressocializar. A grande maioria volta a praticar crimes, como assaltos, roubos
e outros".
Em 2022, um homem de 28 anos foi preso em Florianópolis suspeito
de ter estuprado e assaltado uma mulher. Na ocasião em que foi detido pela
Polícia Civil, ele já era considerado foragido por não ter retornado ao sistema
prisional após ter recebido a chamada "saidinha temporária" pela Justiça.
O detento cumpria pena justamente por estupro e roubo cometidos em
2015. Conforme publicado pelo site local NSC na época do crime, a Polícia Civil
afirmou que ele estava detido no Presídio Regional de Lages até então, quando
recebeu a "saidinha". Sem voltar em uma semana, ele passou a ter um mandado de
prisão contra si por evasão em 13 de abril.
Por que o Estado continua soltando criminosos? Bom, já existe um
projeto de lei para acabar de vez com as saídas temporárias, porém, ele está
parado na Comissão de Segurança Pública do Senado. Embora tenha sido aprovado
na Câmara dos Deputados em agosto de 2022, o Projeto de Lei 2.253/2022 pretende
alterar pontos da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984), que dá aos presos
do regime semiaberto o direito de sair temporariamente da prisão em
determinadas épocas do ano.
Infelizmente, o Sargento Roger Dias não é a primeira vítima de
detentos que recebem o benefício e, lamentavelmente, não será a última.
Enquanto não ocorrer uma transformação significativa nas instituições
brasileiras e a mentalidade marxista não for completamente eliminada do âmbito
da justiça e da política, continuaremos a testemunhar o triste desfecho de
outras famílias, dilaceradas pela violência e a brutalidade de criminosos que
jamais deveriam ter deixado o sistema prisional.
Fonte: Gazeta Brasil