Esse é o cenário que se desenha nesta terça-feira (28/11), com mudanças em relação ao texto apresentado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). No Congresso Nacional, a esquerda conseguiu não incluir Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, que era o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula (PT). Na CPI do DF, o nome dele deve constar entre os indiciados do relatório final.
G. Dias foi pressionado pela direita após a divulgação de imagens que mostram o general circulando pelo Palácio do Planalto em meio às invasões bolsonaristas. Ele acabou pedindo exoneração.
Outro nome que não consta no relatório da CPMI e deve surgir entre nomes de indiciados é uma figura importante da segurança do DF: a coronel Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas. Durante oitiva, ela chegou a dizer que não houve erro de planejamento, mas de execução das forças da capital no 8 de Janeiro.
Deputado distrital Hermeto (MDB) Hugo Barreto/Metrópoles
General Gonçalves Dias depõe à CPI dos Atos Antidemocráticos, da CLDF Breno Esaki/Metrópoles
Deputado distrital Fábio Félix (PSol) Hugo Barreto/Metrópoles
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF) ouviu o depoimento de Ana Priscila, na manhã de quinta-feira (28/9). Ela é apontada como uma das lideranças do movimento bolsonarista, que invadiu os prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro Hugo Barreto/Metrópoles
Deputados distritais na oitiva de Walter Delgatti Breno Esaki/Metrópoles
O major do GSI José Eduardo Natale Breno Esaki/Metrópoles @BrenoEsakiFoto
Presidente vai pedir prorrogação de prazo da CPI Francisco Dutra / Metrópoles
O autônomo Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, 46 anos, acabou detido em flagrante horas depois de participar da invasão às sedes dos Três Poderes Eurico Eduardo / Agência CLDF
"Não vou comentar o depoimento do general aqui. Mas houve operação com 500 policiais militares ali parados, esperando autorização do Exército para retirar o acampamento. Alguém vir aqui e dizer que [a PMDF] não agiu, [que] não era atribuição [dela], [que] não estava fazendo, é meio complicado. Precisa ser apurado por essa CPI", afirmou Hugo Barreto/Metrópoles
Na ocasião, Cid também fez uso do direito ao silêncio, em praticamente toda a oitiva Breno Esaki/Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Deputado distrital Hermeto (MDB) Hugo Barreto/Metrópoles
O entendimento da CPI foi outro. As informações recebidas pela Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), de que o protesto seria violento e com intenção de tomada do Poder, pesaram na avaliação.
Porém, o chefe direto de Cíntia na época dos fatos, o então secretário Anderson Torres, deve ser poupado pelo relatório, sob visão de que ele teria agido de forma correta diante das informações repassadas por seus subordinados.
A ausência de Torres é polêmica e promete gerar duros embates entre os deputados distritais. Para alcançar os mais de 100 nomes, o relatório vai incluir o nome de vários "patriotas" que invadiram os prédios da Praça dos Três Poderes.
O documento precisa de ao menos 4 dos 7 votos dos titulares da CPI para ser aprovado. Os indiciados devem se encaixar em quatro eixos principais: aqueles que instigaram as pessoas a participar dos atos; aqueles que financiaram golpistas; os que foram omissos; e os que efetivamente estiveram na Praça dos Três Poderes na data praticando ações violentas para anular o resultado das eleições.
Financiadores e incitadores
A CPI do DF ouviu suspeitos de financiar as atividades a favor do golpe no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em outros locais públicos de Brasília e no derradeiro 8 de Janeiro. Os dois primeiros acusados de arcar com custos de manifestações golpistas foram os empresários Joveci Xavier de Andrade, ouvido em abril, e Adauto Lúcio de Mesquita, em maio.
Sócios da rede de supermercados Melhor Atacadista, ambos foram confrontados com provas obtidas pela CPI. Um relatório da Polícia Civil apontou que os dois forneciam alimentos e água para bolsonaristas e bancavam parte do pagamento pelos banheiros químicos instalados na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano (SMU). Adauto ainda admitiu, no depoimento na Câmara Legislativa, que fez doações de R$ 1.210 ao acampamento.
O destaque da oitiva do Joveci veio logo no início da sessão em que ele foi ouvido, quando o empresário mentiu afirmando que não participou "de nenhum ato" contra o resultado das urnas, mas voltou atrás quando o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), mostrou uma foto dele em um protesto golpista. Veja: